
Precedido por | PAPA | Sucedido por |
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Gregório XVI | 255º | Leão XIII |
Papa Pio IX

Pio IX, nascido Giovanni Maria Mastai-Ferretti (Senigália, 13 de maio de 1792 – Roma, 7 de fevereiro de 1878), foi papa entre 16 de junho de 1846 e 7 de fevereiro de 1878. É o segundo pontificado mais longo da história depois de São Pedro. Foi beatificado em 3 de setembro de 2000, pelo Papa João Paulo II. Foi o primeiro papa da história a ser fotografado
Foi o 2.º Papa a nascer no dia 13 de maio; o outro foi Papa Inocêncio XIII. Seu papado ficou marcado pela destituição dos chamados Estados Eclesiásticos, pois Pio IX comandava o Trono de Roma quando os revoltosos empreendiam o Risorgimento, que levou à unificação da Itália como Estado Nacional, comandado pelo rei Vittorio Emanuele II.
Giovanni Mastai-Ferretti nasceu em Senigália (Itália) e estudou no Colégio Piarista em Volterra, e em Roma. De origem nobre, por sofrer de epilepsia não conseguiu seguir uma carreira militar, tendo seguido teologia e sendo ordenado sacerdote em 1819. Trabalhou nos primeiros anos do sacerdócio no Chile, regressando ao seu país em 1825. Nomeado arcebispo de Spoleto em 1827 e cinco anos depois para a diocese de Imola. Elevado a cardeal em 1840.
Tiara Papal do Pontífice
A sua eleição para Papa sucessor de Gregório XVI foi o resultado de uma divisão no conclave entre conservadores e reformadores. Mastai-Ferretti era tido por candidato liberal, e, ao quarto escrutínio, foi eleito. Tomou o nome de Pio IX como homenagem ao Papa Pio VIII, seu antigo benfeitor. Foi coroado em 21 de Junho de 1846.
Pontificado
Apesar de ser considerado no início como um liberal, o seu pontificado passou a ser considerado como uma mudança no sentido do conservadorismo por seus críticos. Pio IX iniciou uma campanha contra o que chamou de falso liberalismo. Na encíclica Quanta Cura de 8 de dezembro de 1864, condenou dezesseis proposições que contrariavam a visão católica na época. Esta encíclica foi acompanhada pelo famoso Syllabus errorum, que condenava as ideologias do panteísmo, naturalismo, racionalismo, indiferentismo, socialismo, comunismo, franco-maçonaria, judaísmo, Igrejas dadas como Cristãs a tentar explicar a Bíblia e vários outras formas de liberalismo religioso tidos por incompatíveis com a religião católica. Antes, em 8 de janeiro de 1857, já havia feito a condenação dos escritos filosófico-teológicos de Günther e em muitas ocasiões insistiu em que se deveria seguir a filosofia e a teologia de São Tomás de Aquino.
Durante toda sua vida foi muito devoto da Virgem Maria. Em 1849, quando se encontrava no exílio, em Gaeta, consultou o ponto de vista dos bispos da Igreja a respeito da Imaculada Conceição enviando-lhes cartas, e em 8 de dezembro de 1854, na presença de mais de duzentos bispos proclamou o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria como sendo um dogma de fé da Igreja através da encíclica Ineffabilis Deus.
Promoveu a devoção ao Sagrado Coração e em 23 de setembro de 1856 estendeu esta festividade a todo o mundo católico, em 16 de junho de 1875 consagrou o mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Promoveu a vida interna da Igreja por meio de muitas normas litúrgicas e reformas monásticas e um elevado número de beatificações e canonizações, sem precedentes para a época.
Em 29 de junho de 1869 publicou a Bula Aeterni Patris com a qual convocou o Concílio Vaticano I, cuja cerimônia de abertura contou com a presença de setecentos bispos no dia 8 de dezembro de 1869. Na quarta sessão solene do concílio, em 18 de julho de 1870, a infalibilidade papal foi declarada um dogma de fé.
Criou os cardeais Wiseman e Manning da Inglaterra; Cullen da Irlanda; McCloskey dos Estados Unidos; Diepenbrock, Geissel, Reisach e Ledochowski da Alemanha; Rauscher e Franzelin da Áustria; Mathieu, Donet, Gousset e Pita da França.
Em 29 de setembro de 1850 restabeleceu a hierarquia católica na Inglaterra erigindo a Arquidiocese de Westminster com as sedes sufragâneas de Beverley, Birmingham, Clifton, Hexham, Liverpool, Newport e Menevia, Northampton, Nottingham, Plymouth, Salford, Shrewsbury e Southwark. Este ato provocou uma ampla comoção por parte de ingleses intolerantes, fomentada pelo Premier Russel e pelo London Times que quase resultou em perseguição aberta contra os católicos na Inglaterra. Em 4 de março de 1853 restabeleceu a hierarquia católica na Holanda, erigindo a Arquidiocese de Utrecht e as sedes sufragâneas de Haarlem, Bois-le-Duc, Roermond e Breda.
Foi em seu pontificado que houve o cisma ente o Papado e o Império do Brasil. Pio IX estabeleceu uma série de documentos condenando as novas ideias, entre elas a Maçonaria. No Brasil havia, instituição herdada da monarquia portuguesa, o chamado padroado. Ele determinava que qualquer determinação da Santa Sé, no Brasil, somente seria válida com a autorização do Imperador. Uma delas foi a proibição de casamento entre católicos e maçons. D. Pedro II não assinou e gerou problemas na atuação dos padres brasileiros. Os bispos D. Vital e Macedo Costa seguiram as determinações do Papa e gerou uma crise do País com o Vaticano. Os bispos foram presos e condenados à prisão. O caso somente foi resolvido quando o império mandou um diplomata a Roma.
Relação com o judaísmo
Pio IX aboliu leis que forçavam os judeus a viver em áreas específicas, os impediam de praticar certas profissões, e os obrigavam a ouvir sermões quatro vezes por ano em tentativas de conversão. O Judaísmo e o Catolicismo eram as únicas religiões permitidas por lei (o Protestantismo era permitido aos estrangeiros mas não autorizado a italianos). Mesmo assim, o testemunho de um judeu em tribunal contra um cristão era inadmissível aos olhos da lei.
Em 1858, num caso altamente divulgado na época, uma criança judia de seis anos, Edgardo Mortara, foi levada de sua casa pela polícia para os Estados Papais. Foi referido que havia sido batizado por uma empregada cristã da família quando estava doente, por temer que não fosse para o Céu. Naquele tempo os cristãos não podiam ser criados por judeus, mesmo se fossem seus pais. Pio recusou os apelos de numerosos chefes de estado, incluindo o Imperador Francisco José I da Áustria e o Imperador Napoleão III de França para o retorno da criança a seus pais.
Em 1867, canonizou Pedro de Arbues, o inquisidor espanhol do século XV e afirmou no documento de canonização: "A sabedoria divina providenciou que nestes dias tristes, quando os judeus ajudam os inimigos da igreja com os seus livros e dinheiro, este decreto de santidade foi levado ao seu cumprimento"
Em 1871, dirigindo-se a um grupo de mulheres católicas, Pio disse que os judeus "tinham sido crianças na Casa de Deus", mas "devido à sua obstinação e à sua incapacidade de acreditar, tornaram-se cães" (…) "Temos hoje em Roma infelizmente muitos destes cães, e ouvimo-los ladrar em todas as ruas, e andar por aí a molestar pessoas por todo o lado"
Pio IX discursando em 1863.
O Papa foi cercado por uma multidão no Quirinal exigindo uma República. Algumas pessoas chegaram a disparar armas para o ar fazendo com que uma bala perdida entrasse pela janela do gabinete do secretário do Papa, atingido-o. Um canhão até foi apontado na direcção dos portões do palácio. O Papa conseguiu escapar disfarçado de pároco, em 24 de Novembro, para o Reino de Nápoles, ficando a cidade de Roma nas mãos dos revoltosos. Só em 12 de Abril de 1850 retornaria a Roma, após intervenção diplomática da França e da Áustria. Crê-se que Pio IX tenha regressado afetado por esta violência e convertido para o lado conservador. Os revolucionários ainda estavam no terreno e a manutenção dos Estados Papais, sujeita à pressão de nacionalistas como Victor Emanuel II de Itália só se conseguiu com a ajuda de tropas francesas e austríacas.
Moeda com a face do papa.
Brasão e Lema
Descrição: Escudo eclesiástico esquartelado: o 1.º e o 4.º de blau com um leão coroado, apoiado sobre uma arruela, tudo de jalde — Armas dos Mastai; o 2.º e o 3.º de argente com duas bandas de goles — Armas dos Ferretti. O escudo está assente em tarja branca. O conjunto pousado sobre duas chaves decussadas, a primeira de jalde e a segunda de argente, atadas por um cordão de goles, com seus pingentes. Timbre: a tiara papal de argente com três coroas de jalde. Quando são postos suportes, estes são dois anjos de carnação, sustentando cada um, na mão livre, uma cruz trevolada tripla, de jalde.
Interpretação: O escudo obedece às regras heráldicas para os eclesiásticos. Nele estão representadas as armas familiares do pontífice, os Mastai, de Crema, e os Ferretti, condes em Ancona. No 1.º e no 4.º, o campo de blau (azul) representa o firmamento celeste e ainda o manto de Nossa Senhora, sendo que este esmalte significa: justiça, serenidade, fortaleza, boa fama e nobreza. O leão, símbolo de soberania, força e poder, sendo de jalde (ouro), simboliza: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortino. No 2.º e no 3.º, o campo de argente (prata) simboliza: inocência, castidade, pureza e eloquência e as bandas de goles (vermelho) simboliza: o fogo da caridade inflamada no coração do Soberano Pontífice pelo Divino Espírito Santo, que o inspira diretamente do governo supremo da Igreja, bem como valor e o socorro aos necessitados, que o Vigário de Cristo deve dispensar a todos os homens. Os elementos externos do brasão expressam a jurisdição suprema do papa. As duas chaves "decussadas", uma de jalde (ouro) e a outra de argente (prata) são símbolos do poder espiritual e do poder temporal. E são uma referência do poder máximo do Sucessor de Pedro, relatado no Evangelho de São Mateus, que narra que Nosso Senhor Jesus Cristo disse a Pedro: "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra, será desligado no céu" (Mt 16, 19). Por conseguinte, as chaves são o símbolo típico do poder dado por Cristo a São Pedro e aos seus sucessores. A tiara papal usada como timbre, recorda, por sua simbologia, os três poderes papais: de Ordem, Jurisdição e Magistério, e sua unidade na mesma pessoa.

Brasão Papa
Pontificado | Lugar de nascimento | Tempo Papa | Morte |
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1846 a 1878 | Senigália, Estados Papais | 31 anos, 236 dias | 1878 (85 anos) |