A História dos Fariseus


Significado

É correto apontar a dificuldade em determinar o significado exato do termo "fariseu". A origem etimológica do termo, como você mencionou, está relacionada ao verbo hebraico "parash", que significa "separar" ou "dividir". No entanto, a interpretação exata do significado dessa separação é objeto de debate entre os estudiosos.

Alguns estudiosos sugerem que os fariseus eram um grupo que se separava dos costumes impuros e profanos do seu tempo, buscando uma vida de santidade e obediência à lei religiosa. Eles enfatizavam a observância rigorosa dos mandamentos, incluindo os preceitos adicionais desenvolvidos pela tradição oral. Nesse sentido, a separação dos fariseus seria uma distinção religiosa e moral.

Outros argumentam que a separação dos fariseus tinha uma conotação mais política ou social. Eles podem ter se visto como um grupo distinto dentro da sociedade judaica, defendendo ideias e práticas específicas. Alguns sugerem que eles representavam uma classe média religiosa que buscava influenciar e liderar o povo, tanto na esfera religiosa quanto na esfera política.

É importante destacar que a informação disponível sobre os fariseus é baseada principalmente em fontes judaicas e cristãs antigas, como os evangelhos do Novo Testamento. Essas fontes podem apresentar suas próprias perspectivas e interpretações sobre os fariseus, o que pode contribuir para diferentes compreensões do termo.

Em suma, embora haja uma base etimológica para o termo "fariseu" que sugere uma ideia de separação, a interpretação exata dessa separação ainda é objeto de discussão e debate entre os estudiosos.


Sua Origem

De fato, a origem dos fariseus é um assunto debatido entre os estudiosos, e não há um consenso definitivo sobre o momento exato ou as circunstâncias precisas de seu surgimento. As teorias mencionadas são algumas das propostas que visam explicar a origem e o desenvolvimento desse grupo.

A rejeição dos costumes pagãos após o exílio babilônico, o trabalho de estudiosos e escribas no estudo e observância da Lei, a oposição à influência helenista, a divisão entre os hasidins e a resistência aos costumes helenísticos durante a época dos Macabeus são todas possibilidades que foram sugeridas como fatores que levaram ao surgimento dos fariseus.

Quanto à perseguição e à influência política dos fariseus, a história registra conflitos entre eles e outras facções judaicas, como os saduceus e os governantes da época, como Alexandre Janeu. Esses conflitos podem ter variado ao longo do tempo, com momentos de perseguição e momentos de apoio e favorecimento, dependendo das circunstâncias políticas e sociais específicas.

É importante observar que a compreensão dos fariseus é amplamente baseada em fontes históricas e literárias, como os escritos do historiador judeu Flávio Josefo e os relatos do Novo Testamento. Essas fontes fornecem informações valiosas, mas também podem refletir pontos de vista particulares e ter suas próprias interpretações dos eventos e das figuras envolvidas.

Portanto, enquanto as teorias e as informações históricas nos dão algumas pistas sobre a origem e o desenvolvimento dos fariseus, muitos detalhes e nuances continuam sendo objeto de estudo e debate entre os especialistas.


Seus Ensinamentos

Existe informações precisas sobre a observância rigorosa dos fariseus em relação à Lei escrita e à tradição oral. Eles acreditavam que a Lei oral era igualmente importante e tinha sido transmitida desde Moisés até os líderes religiosos de seu tempo, como uma interpretação e aplicação fiel da vontade divina.

Os fariseus também tinham uma série de crenças e doutrinas específicas, incluindo a soberania de Deus nos decretos divinos, a responsabilidade moral do ser humano, a imortalidade da alma, a existência dos espíritos e a ressurreição do corpo. Essas crenças refletiam sua visão de um relacionamento íntimo com Deus, da importância da vida moral e do propósito da existência além da vida terrena.

Quanto à observância do sábado, os fariseus eram conhecidos por serem extremamente rigorosos. Eles levavam a guarda do sábado muito a sério, seguindo as restrições e proibições estabelecidas pela Lei. Suas interpretações detalhadas das leis sabáticas levavam a práticas às vezes exageradas, como o exemplo que você mencionou sobre o gargarejo ser considerado trabalho e, portanto, inaceitável no sábado.

Essa ênfase na observância estrita das leis sabáticas, juntamente com a prática do dízimo e outras obrigações religiosas, demonstra o compromisso dos fariseus em viver de acordo com as prescrições religiosas e as tradições transmitidas. Eles buscavam demonstrar sua devoção e retidão diante de Deus através dessas práticas e acreditavam que seriam recompensados por suas ações na vida futura.

É importante ressaltar que, embora a visão e as práticas dos fariseus tenham sido altamente valorizadas dentro de sua própria comunidade, eles também foram criticados por Jesus e outros grupos judaicos contemporâneos, como os saduceus. As diferenças de interpretação e abordagem religiosa entre esses grupos eram motivo de debate e conflito.


O Convivio com Jesus

Existe muitas informações corretas sobre a relação de Jesus com os fariseus e a crítica que ele fez ao farisaísmo. É verdade que Jesus frequentemente repreendeu os fariseus por sua hipocrisia, orgulho e pela carga religiosa que impunham ao povo. Ele os acusou de se exibirem em sua prática religiosa, mas não cumprirem verdadeiramente as exigências da Lei.

A parábola do fariseu e do publicano é um exemplo claro da crítica de Jesus ao farisaísmo, destacando a atitude orgulhosa do fariseu em contraste com a humildade do publicano diante de Deus.

Apesar disso, é importante notar que nem todos os fariseus eram adversários de Jesus. Alguns mostraram respeito por ele e até se tornaram seus seguidores, como Nicodemos. Também é verdade que o apóstolo Paulo, antes de sua conversão, era um fariseu e perseguidor dos cristãos. Após sua conversão, ele se tornou um dos principais defensores do cristianismo.

Quanto ao Talmude, uma coleção de ensinamentos e interpretações da lei judaica, ele de fato faz distinções entre diferentes tipos de fariseus, alguns dos quais praticavam uma falsa humildade e buscavam reconhecimento humano por suas boas obras, enquanto outros demonstravam sinceridade em seu amor por Deus.

Após a destruição de Jerusalém e do Templo pelos romanos em 70 d.C., o farisaísmo emergiu como o principal movimento religioso e intelectual do judaísmo rabínico. Os fariseus se tornaram os principais líderes e intérpretes da Lei Judaica, e o farisaísmo se fundiu com o judaísmo rabínico que se desenvolveu nos séculos seguintes. O farisaísmo passou a ser considerado como a forma predominante do judaísmo.